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E-mail do piloto Leonardo Zettel

Boa tarde senhores,

Na semana passada assisti à apresentação da Operação Urbana Consorciada. Um projeto incrível! Porém, no lugar errado…

O que foi chamado de “vazio urbano” é o Autódromo Internacional de Curitiba. Um lugar cheio de história, de sonhos e de muito trabalho. Um lugar que frequentei quando criança, que sonhei quando jovem e que faz parte do meu trabalho no presente momento. Que foi parte fundamental para que eu fundasse minha empresa e proporcionasse receita para 80 famílias (12 diretas e 68 indiretas).

Assim como eu, muitos outros profissionais e empresários também compartilham desse pensamento, seja por lazer ou pela vida profissional, e geram trabalho e empregos para diversas outras famílias. E nesse momento estamos vendo um baita projeto, mas que vai acabar com a continuidade de um legado. De novos sonhos.

Por questões geopolíticas, o Autódromo Internacional de Curitiba fica na cidade de Pinhais. Isso também é uma injustiça, mas que pode ser corrigida. Mas ele está lá desde os anos 60, então me desculpe que mora lá e reclama do barulho. Este autódromo também é 1 dos (apenas) 9 autódromos existentes no Brasil que podem receber eventos nacionais. É 1 dos únicos 3 autódromos que possui homologação da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) para receber eventos internacionais. E é o autódromo com melhor infraestrutura do Brasil.

Destruir o AIC é como destruir o Estádio Couto Pereira, ou a Sociedade Hípica Paranaense, ou até mesmo o Maracanã… E pra que? Construir condomínios… Destruir uma coisa única para construir mais do mesmo.

Da mesma forma que a apresentação da Bairru, vamos buscar exemplos de outras praças:

– O circuito de Indianápolis, nos Estados Unidos, é um dos maiores palcos do automobilismo mundial. Também teve a construção de diversas moradias e comércios em seu entorno, mas soube explorar isso de forma positiva e formou uma cidade que respira automobilismo;

– Daytona, também nos Estados Unidos, é um exemplo parecido, onde temos diversos empreendimentos completares ao esporte fomentando a cidade através do esporte, turismo e lazer;

– Nürburgring, na Alemanha, é o circuito mais extenso do mundo. Em vez de acabarem com ele para um “melhor aproveitamento” do espeço, fizeram dele um ponto turístico, que recebe milhas de pessoas todos os meses para simplesmente dar uma volta na pista;

– Spa, na Bélgica, possui um dos circuitos mais icônicos do mundo, mas foi alvo de notícias questionando sua segurança. Mês passado a administração anunciou um investimento de 80 milhões de dólares para modificação de uma curva, pois não quer deixar de sediar os eventos que possui;

– Existem cidades mundo a fora, como Singapura, Montreal, Baku… que fazem mágica em suas ruas para receber competições automobilísticas, pois não têm um autódromo;

Além do automobilismo, propriamente dito, todas essas cidades que sediam eventos esportivos, se tornam mais conhecidas atraindo turismo e consumo durante os eventos e também têm a oportunidade de se apresentar para o mundo em busca de mais investimento. 

Mesmo que consideremos que os carros a combustão não sejam o futuro da frota mundial (e eu discordo porque no Brasil já temos combustível sustentável / renovável que utiliza a mesma tecnologia e infraestrutura já existente), esses carros sempre serão objetos de desejo, esporte, diversão e história. Isso sem considerar que estamos à margem de um racionamento de energia elétrica. Mas isso é um outro e longo assunto.

E dizer que o autódromo não é viável, eu tenho que discordar… Se os dados da apresentação da OUC estiverem corretos (e devem estar), com certeza a administração pública vai arrecadar mais com este empreendimento proposto do que com o autódromo. Mas uma arrecadação momentânea vale mais que um legado? Ademais, já estive envolvido com as três últimas gestões do AIC e tenho conhecimento de que é um negócio rentável e posso afirmar que, se explorado de forma correta, pode ser muito mais.

Problemas, como o barulho, existem. Mas podem ser contornados. Então porque destruir um dos grandes diferenciais que Pinhais possui? Não é ocaso de explorar esse tesouro urbano e tornar o município uma Indianápolis Brasileira?

Sou Leonardo Zettel. Piloto, publicitário, especialista em marketing esportivo, especialista em planejamento e gestão de negócio, apaixonado pelo esporte a motor e dedico minha vida ao automobilismo. Estou à disposição dos interessados para planejar algo que faça a diferença para o futuro, e não apenas marque o passado.

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